SPORTING VINTAGE
ofensiva1906@gmail.com
24.11.08
25.11.07
Carlos Gomes
“(...)Com a idade que tenho, sou do tempo dos que despertaram para o prazer da bola há mais de meio século. Comecei a ir aos campos de futebol - quando ainda não havia estádios como os que temos hoje - no princípio dos anos 50.
E lembro-me de ter escrito no Record, quando nele publicava crónicas semanais, já lá vão sete anos, que nunca me esqueceria do Carlos Gomes, um guarda-redes "fenomenal", "tão bom como o Banks ou o Yachine".
Nunca o conheci pessoalmente, mas sei que ele ficou muito "sensibilizado" e teve a modéstia de confessar, a um amigo meu, que eu tinha "exagerado". Não sei se terei exagerado - julgo que não -, mas a verdade é que, ainda hoje, as mais extraordinárias defesas que me vêm à memória foram feitas pelo português Carlos Gomes, pelo inglês Gordon Banks e pelo russo Lev Yachine. Seria capaz de descrevê-las em pormenor, mas o espaço desta crónica não dá para tanto.Quero apenas recordar um Sporting-Benfica, já no Estádio José Alvalade (não este, mas o anterior), em que a equipa do meu clube de sempre ganhou por 1--0 (golo do Hugo, se não estou em erro), mas em que o verdadeiro vencedor do jogo foi o Carlos Gomes, com uma exibição "do
outro mundo". Lembro-me bem do José Águas - outro magnífico jogador - isolado na grande área, a fazer um remate perfeito para uma defesa "impossível" do Carlos Gomes. Quando estava "nos seus dias" - e a vida de que ele tanto gostava fora dos relvados não o inibia -, o Carlos Gomes era, para mim, o melhor guarda-redes do mundo.Vi jogar outros grandes guarda-redes portugueses - como o Azevedo, já no final da carreira, o Costa Pereira, o Vítor Damas ou o Bento. Mas o Carlos Gomes continuará a ser, sobretudo agora que já não é deste mundo, o meu guarda-redes de sempre. Assim como outros grandes artistas da bola - que contribuíram decisivamente para espevitar e alimentar o meu prazer de jogar (enquanto pude) e de ver jogar (na bancada ou no sofá) - vão continuar a ser, para mim, os melhores jogadores portugueses de sempre. Ainda hoje não me conformo com o facto de não ter dedicado crónicas de louvor e homenagem ao Travassos e ao Germano, quando se foram embora desta vida. Porque também eles foram grandes e fazem parte da memória de um miúdo que despertou para o prazer do futebol quando só tinha cinco anos. Associo-os, hoje, a esta homenagem ao Carlos Gomes. Não merecem apenas o "minuto de silêncio" do costume. Merecem pausa nas análises à última jornada. E merecem, sobretudo, os seus lugares na história, porque foram eles os protagonistas de muitas das melhores jornadas do futebol português.” Alfredo Barroso in Diário de Notícias/2005
outro mundo". Lembro-me bem do José Águas - outro magnífico jogador - isolado na grande área, a fazer um remate perfeito para uma defesa "impossível" do Carlos Gomes. Quando estava "nos seus dias" - e a vida de que ele tanto gostava fora dos relvados não o inibia -, o Carlos Gomes era, para mim, o melhor guarda-redes do mundo.Vi jogar outros grandes guarda-redes portugueses - como o Azevedo, já no final da carreira, o Costa Pereira, o Vítor Damas ou o Bento. Mas o Carlos Gomes continuará a ser, sobretudo agora que já não é deste mundo, o meu guarda-redes de sempre. Assim como outros grandes artistas da bola - que contribuíram decisivamente para espevitar e alimentar o meu prazer de jogar (enquanto pude) e de ver jogar (na bancada ou no sofá) - vão continuar a ser, para mim, os melhores jogadores portugueses de sempre. Ainda hoje não me conformo com o facto de não ter dedicado crónicas de louvor e homenagem ao Travassos e ao Germano, quando se foram embora desta vida. Porque também eles foram grandes e fazem parte da memória de um miúdo que despertou para o prazer do futebol quando só tinha cinco anos. Associo-os, hoje, a esta homenagem ao Carlos Gomes. Não merecem apenas o "minuto de silêncio" do costume. Merecem pausa nas análises à última jornada. E merecem, sobretudo, os seus lugares na história, porque foram eles os protagonistas de muitas das melhores jornadas do futebol português.” Alfredo Barroso in Diário de Notícias/2005
9.10.07
Barão
Francisco Barão entra no Sporting Clube de Portugal pela mão de César Nascimento, antigo jogador do Sporting, mais tarde “olheiro e treinador das escolas do Sporting.É nos juniores que Barão conquista o seu primeiro titulo nacional, tendo então como treinador Fernando Mendes. Sob a formação de Hilário e Fernando Mendes, no seu percurso inicial, Barão ascende então à equipa sénior sportinguista como um futebolista polivalente e empreendedor fazendo todos os lugares na defesa e na linha média, sendo no entanto a médio direito que Barão rendia mais.Pela sua forma lutadora como encarava todos os jogos e pelo brio com que envergava a camisola verde e branca Barão tornou-se rapidamente titular indiscutível conquistando na equipa sénior leonina dois títulos nacionais e uma Taça de Portugal, tendo como o opositor o FC Porto, em 77/78, uma das suas melhores épocas.Barão, sportinguista desde sempre, considera que o momento inesquecível a que assistiu foi quando o Sporting cilindrou o Manchester United com 5-0, isto apesar dos títulos que conquistou.
Na nossa memória ficam as voltas ao Estádio José Alvade a agradecer ao público sportinguista sempre com Barão e Manuel Fernandes, lado a lado, à frente dos restantes jogadores.
Na nossa memória ficam as voltas ao Estádio José Alvade a agradecer ao público sportinguista sempre com Barão e Manuel Fernandes, lado a lado, à frente dos restantes jogadores.
26.9.07
Ricardo Ferraz
Ricardo Ferraz, o “Zé das Toalhas”, como era conhecido, deixou-nos o ano passado após 42 anos de vida inteiramente dedicados ao pugilismo e ao Sporting Clube de Portugal.
Um exemplo de amor e dedicação ao Sporting. O Mestre Ferraz, foi sem dúvida a figura central e impulsionadora do boxe nacional, para além de treinador e coordenador da secção de boxe do Sporting e treinador da Federação Portuguesa de Boxe, foi, desde 1971 o responsável pelo treino desta modalidade na Academia Militar e ainda treinador da sua equipa de futebol.
Foi em Moscovo que o pugilismo português se estreou nas Olimpíadas de 1980 onde Ricardo Ferraz levou então o conhecido pugilista “Paquito”, que foi homenageado pelo Comité Olímpico de Portugal.
O Mestre Ricardo Ferraz elevou sem dúvida a grandes patamares a modalidade não só no Sporting mas igualmente em Portugal. Ao longo da sua carreira recebeu três louvores, concedidos pelo Comandante da Academia Militar, tendo sido condecorado com a Medalha de D. Afonso Henriques, Patrono do Exército.Foi igualmente congratulado com dois prémios Stromp.
Ricardo Ferraz considerava as características mais importantes a inteligência e a coragem. A resistência, dizia, «divide-se 25 por cento nos braços e 25 por cento nas pernas e 50 por cento no cérebro. Porque um bom campeão não é aquele que bate com mais violência. Tem é de ser capaz de aplicar os golpes no sítio certo nos pontos vulneráveis do adversário.»
“Tive dificuldades loucas para colocar o Sporting entre os melhores, mas consegui vencê-las”, dizia Ricardo Ferraz.
Obrigado Mestre.
Um exemplo de amor e dedicação ao Sporting. O Mestre Ferraz, foi sem dúvida a figura central e impulsionadora do boxe nacional, para além de treinador e coordenador da secção de boxe do Sporting e treinador da Federação Portuguesa de Boxe, foi, desde 1971 o responsável pelo treino desta modalidade na Academia Militar e ainda treinador da sua equipa de futebol.
Foi em Moscovo que o pugilismo português se estreou nas Olimpíadas de 1980 onde Ricardo Ferraz levou então o conhecido pugilista “Paquito”, que foi homenageado pelo Comité Olímpico de Portugal.
O Mestre Ricardo Ferraz elevou sem dúvida a grandes patamares a modalidade não só no Sporting mas igualmente em Portugal. Ao longo da sua carreira recebeu três louvores, concedidos pelo Comandante da Academia Militar, tendo sido condecorado com a Medalha de D. Afonso Henriques, Patrono do Exército.Foi igualmente congratulado com dois prémios Stromp.
Ricardo Ferraz considerava as características mais importantes a inteligência e a coragem. A resistência, dizia, «divide-se 25 por cento nos braços e 25 por cento nas pernas e 50 por cento no cérebro. Porque um bom campeão não é aquele que bate com mais violência. Tem é de ser capaz de aplicar os golpes no sítio certo nos pontos vulneráveis do adversário.»
“Tive dificuldades loucas para colocar o Sporting entre os melhores, mas consegui vencê-las”, dizia Ricardo Ferraz.
Obrigado Mestre.
10.9.07
Ivkovic
Rotulado na altura como um dos grandes guardiões europeus, muito pelas suas exibições ao serviço da selecção jugoslava, Ivkovic ingressa no Sporting Clube de Portugal na época 89/89.
Ivkovic era capaz do melhor e do pior, mas era sem dúvida um grande guarda-redes, não obstante às vezes dos seus golpes de vista não serem por vezes bem calculados.Exemplo disso foi em vésperas de o Sporting se deslocar ao Estádio das Antas em que Ivkovic afirmou então que sabia como Geraldão, jogador do FC Porto, marcava os livres e que inclusivamente não iria sofrer nenhum golo dessa forma..., acabou exactamente por sofrer um golo de livre directo do jogador brasileiro.Mas seria injusto não recordar as suas exibições, entre muitas outras, na campanha da Taça UEFA na época 90/91 onde o Sporting Clube de Portugal iria ser apenas eliminado nas meias-finais por pelo Inter de Milão, que viria a conquistar este ceptro europeu.
Naturalmente que falar de Ivkovic é falar do célebre episódio do penalty defendido em Nápoles cobrado por Maradona, onde o guardião leonino chegou-se junto de Maradona e apostou com este 100 dólares como defenderia o penalty... e assim foi. Ivkovic defendeu, Maradona pagou.Já na conferência de imprensa desse mesmo jogo e antes que os jornalistas presentes perguntassem, Maradona disse logo que tinha pago a “ele” apontando para o fundo da sala onde estava Ivkovic acenando com a nota.
Na chegada a Lisboa, depois de o Sporting ter sido eliminado, pelo Nápoles (detentor do troféu) no desempate por grandes penalidades, no San Paolo perante 50.000 pessoas, Sousa Cintra quase obrigou Ivkovic a mostrar a nota aos jornalistas presentes no aeroporto.
Ivkovic havia feito história de leão ao peito.
Ivkovic era capaz do melhor e do pior, mas era sem dúvida um grande guarda-redes, não obstante às vezes dos seus golpes de vista não serem por vezes bem calculados.Exemplo disso foi em vésperas de o Sporting se deslocar ao Estádio das Antas em que Ivkovic afirmou então que sabia como Geraldão, jogador do FC Porto, marcava os livres e que inclusivamente não iria sofrer nenhum golo dessa forma..., acabou exactamente por sofrer um golo de livre directo do jogador brasileiro.Mas seria injusto não recordar as suas exibições, entre muitas outras, na campanha da Taça UEFA na época 90/91 onde o Sporting Clube de Portugal iria ser apenas eliminado nas meias-finais por pelo Inter de Milão, que viria a conquistar este ceptro europeu.
Naturalmente que falar de Ivkovic é falar do célebre episódio do penalty defendido em Nápoles cobrado por Maradona, onde o guardião leonino chegou-se junto de Maradona e apostou com este 100 dólares como defenderia o penalty... e assim foi. Ivkovic defendeu, Maradona pagou.Já na conferência de imprensa desse mesmo jogo e antes que os jornalistas presentes perguntassem, Maradona disse logo que tinha pago a “ele” apontando para o fundo da sala onde estava Ivkovic acenando com a nota.
Na chegada a Lisboa, depois de o Sporting ter sido eliminado, pelo Nápoles (detentor do troféu) no desempate por grandes penalidades, no San Paolo perante 50.000 pessoas, Sousa Cintra quase obrigou Ivkovic a mostrar a nota aos jornalistas presentes no aeroporto.
Ivkovic havia feito história de leão ao peito.
4.9.07
Caldeira
Caldeira nasceu em São Bartolomeu do Sul, perto de Vila Real de Santo António. Começou a dar nas vistas para o futebol no Lusitano de Vila Real onde quase em todos os fins de semana era considerado o melhor em campo, o que fez com que se transferisse na época 50-51 para o Sporting Clube de Portugal, onde ficou nove épocas, ocupando o lugar de defesa direito.A sua estreia foi em Montemor-o-Novo e antes de entrar em campo, ao mostrar-se cabisbaixo e nervoso com o peso da camisola verde e branca, recebeu então do mítico João Azevedo palavras de apoio e de estimulo que estiveram sempre presentes no seu pensamento na conquista, de leão ao peito, de cinco campeonatos nacionais e de uma Taça de Portugal.Caldeira esteve também presente em 4 de Setembro de 1955 no primeiro encontro efectuado na Taça dos Campeões Europeus onde o Sporting Clube de Portugal defrontou o Partizan de Belgrado. Relembra Caldeira: “ Foi um honra ter participado no primeiro jogo da Taça dos Campeões Europeus. Era sempre um prazer defrontar equipas estrangeiras. Os jogos internacionais eram raros naquela época.Recordo de que fizemos um zero pelo Martins, mas os jugoslavos marcaram dois golos. O Quim empatou e depois de um terceiro golo jugoslavo Martins fez o três a três. Foi o resultado final do jogo. Recordo também que esteve sempre a chover, o relvado parecia uma banheira, isso dificultou muito a acção dos jogadores.
Sobre o jogo em si, lembro que foi um jogo muito aberto, jogava-se para ganhar, jogava-se ao ataque. Era bom para os jogadores e para os espectadores. Agora joga-se sobretudo para não perder. Por isso o espectáculo é mais fraco e há cada vez menos espectadores. Além disso, o preço dos bilhetes subiu muito.”
Sobre o jogo em si, lembro que foi um jogo muito aberto, jogava-se para ganhar, jogava-se ao ataque. Era bom para os jogadores e para os espectadores. Agora joga-se sobretudo para não perder. Por isso o espectáculo é mais fraco e há cada vez menos espectadores. Além disso, o preço dos bilhetes subiu muito.”
30.8.07
Fraguito
Fraguito, nasceu em, Vila Real, Trás os Montes, em 8 de Setembro de 1951, ingressando no Sporting Clube de Portugal na época 72-73, onde esteve quase uma década.
A sua estreia aconteceu nas Antas onde o Sporting Clube de Portugal venceu por 1-0, com golo de Yazalde. Na sua estreia nas competições da UEFA marcou um golo estupendo, na vitória leonina sobre Hibernian, onde numa jogada pelo lado esquerdo com uma só finta Fraguito tira três adversários do caminho antes de rematar vitoriosamente à baliza.Não passava despercebido este centro campista, que deixava tudo em campo.
O seu aspecto era pesado, carregado; mas puro engano, era um grande meio campista, de um nível acima da média, estava em todo lado atrás da bola, sempre pressionante, imprimindo bastante velocidade às acções ofensivas, principalmente pelo lado direito, da equipa leonina quando esta possuía o esférico, onde aliava também uma grande visão de jogo.
Médio de criação, era igualmente capaz de desempenhar funções de médio defensivo, acumulando em alguns jogos as duas funções. Um ídolo dos sportinguistas.Massacrado por várias lesões, estas foram o seu grande calvário que o impediram de ter uma carreira ainda mais recheada de sucessos. Mas que não o impediram de conquistar quatro títulos nacionais e duas taças de Portugal.
É inclusivamente bastante frequente por parte de quem assistiu às exibições de Fraguito compará-lo com o actual capitão do Sporting Clube de Portugal, João Moutinho.
A sua estreia aconteceu nas Antas onde o Sporting Clube de Portugal venceu por 1-0, com golo de Yazalde. Na sua estreia nas competições da UEFA marcou um golo estupendo, na vitória leonina sobre Hibernian, onde numa jogada pelo lado esquerdo com uma só finta Fraguito tira três adversários do caminho antes de rematar vitoriosamente à baliza.Não passava despercebido este centro campista, que deixava tudo em campo.
O seu aspecto era pesado, carregado; mas puro engano, era um grande meio campista, de um nível acima da média, estava em todo lado atrás da bola, sempre pressionante, imprimindo bastante velocidade às acções ofensivas, principalmente pelo lado direito, da equipa leonina quando esta possuía o esférico, onde aliava também uma grande visão de jogo.
Médio de criação, era igualmente capaz de desempenhar funções de médio defensivo, acumulando em alguns jogos as duas funções. Um ídolo dos sportinguistas.Massacrado por várias lesões, estas foram o seu grande calvário que o impediram de ter uma carreira ainda mais recheada de sucessos. Mas que não o impediram de conquistar quatro títulos nacionais e duas taças de Portugal.
É inclusivamente bastante frequente por parte de quem assistiu às exibições de Fraguito compará-lo com o actual capitão do Sporting Clube de Portugal, João Moutinho.