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SPORTING VINTAGE: 2007.06

SPORTING VINTAGE

ofensiva1906@gmail.com

18.6.07

Força Verde


Em 1976 começaram a ganhar visibilidade em Portugal diversas organizações juvenis associadas aos partidos políticos da terceira república.
Já por esta altura existia um grupo de adeptos incondicionais que se colocavam habitualmente no topo da Superior Sul um tanto deslocados para o lado da lateral e que se destacavam por um apoio mais efusivo com cânticos e bandeiras.
Entre os membros mais activos deste grupo contavam-se alguns alunos do Colégio São João de Brito de entre os quais o filho mais velho do então presidente do clube, Sr. João Rocha e, uns anos mais novo, o autor destas linhas.

As Juventudes partidárias tinham agora uma expressão relevante na sociedade e foi, talvez inspirados na nomenclatura destas organizações, que surgiu a designação de Juventude Leonina.
Apesar de nesta altura ainda não se utilizarem faixas identificativas, a Juventude Leonina destacava-se através da promoção de deslocações, da introdução da primeira bandeira (pano) gigante num Estádio e de outras iniciativas.
A JL foi assim a organização embrionária do movimento das claques em Portugal.

Paralelamente, em 1979, um reduzido grupo de jovens na casa dos 12-15 anos membros da supracitada Juventude Leonina, começou a acompanhar o Sporting em diversas modalidades.
Em data difícil de precisar este grupo abandonou um jogo de futebol em Alvalade para apoiar a equipa de Basquet do Sporting que jogava com o Queluz o apuramento para uma fase final. Na viagem, o autor destas linhas e o Filipe Frazão apresentaram às cerca de duas dezenas de jovens presentes um projecto de claque organizada. Nascia a pioneira das claques organizadas em Portugal: A Força Verde.


Apesar de ter sido o primeiro presidente desta claque, urge referir que o mentor e padrinho deste movimento foi o Filipe Franco Frazão, acabado de regressar do Brasil de onde trouxe ideias pioneiras como as bandeiras gigantes com canas da Indía, os efeitos de fumo (inicialmente usávamos pó-de-talco, farinha etc...).

A este grupo pertenceram ainda o Mário Vaz Serra de Moura e os seus irmãos, o Orlando Pinto, o Manuel Luís Alçada Baptista, o António Filipe, o Jorge Dantas, o Júlio César, o José Luís Carballo, o Lucas, o Jorge Marques, os irmãos Navarro, o Jorge Simas e a Rita Vilas-Boas.


Em poucos meses chegámos aos duzentos contactos porém, a dimensão do movimento contrastava com a falta de reconhecimento por parte da direcção do clube. Foi decidido então procurar um líder mais velho, com experiência a nível associativo.


Por essa altura, João Pulido Freire de Andrade, frequentador assíduo da Superior Sul e líder nacional da J.C., foi por nós convidado para encabeçar a claque, e se já então tínhamos introduzido o pó de talco e os tambores (sugestões de Filipe Frazão), a João Pulido se devem o aparecimento da primeira faixa colocada por uma claque num estádio Português, concretamente no jogo com a Real Sociedad em Alvalade, a elaboração do primeiro ficheiro de associados e a emissão dos respectivos cartões de sócio.


Este aparecimento estimulou de sobremaneira a Juventude Leonina que de imediato adoptou modelos idênticos e se estruturou de tal forma que viria a marcar toda uma geração de jovens portugueses.
Não é exagero afirmar que estas duas claques foram factor decisivo na escolha do Sporting como clube de eleição por parte de milhares de jovens na década de 80, período em que os resultados do futebol foram particularmente trágicos para o clube de Alvalade.

Com o tempo, a Juventude Leonina, beneficiária de um estatuto privilegiado no seio do Sporting e com a capacidade e criatividade de um grupo de jovens superiormente liderados por João Rocha (filho) acabou por absorver dezenas de jovens das fileiras da Força Verde e muitos dos seus líderes originais. João Pulido, Filipe Frazão e Mário Moura foram as baixas mais relevantes.Por outro lado, da J.L. para a Força Verde vieram no início da década de 80 os irmãos Manuel e Francisco Lobato Faria e o apoio da empresa Sogás. Nessa altura a Força Verde dinamizou algumas coreografias memoráveis e inéditas com milhares de balões, panos gigantes e botijas de "fumo". Mais tarde, durante o processo eleitoral que opôs Marcelino de Brito a João Rocha surgiram três correntes dentro da Força Verde. Uma liderada por Júlio César e Orlando Pinto e apoiada pela família Lobato Faria que claramente apoiava o candidato Marcelino de Brito, outra liderada por Manuel Luís Alçada Baptista que apoiava João Rocha e finalmente uma terceira facção que defendia uma separação entre as claques e os candidatos e que contava com o meu apoio e também o dos fundadores António Filipe e José Luís Carballo. Não tendo existido um acordo entre as 3 facções, os movimentos pró-João Rocha e pró-distanciamento entre as claques e os candidatos e até alguns dos apoiantes de Marcelino de Brito, como Júlio César, fundaram uma nova claque, a Onda Verde.A Força Verde passou então a ser presidida por Orlando Pinto e destacou-se neste período pela organização de diversas excursões nacionais e sobretudo internacionais.
À Força Verde aderiram entretanto algumas dezenas de dissidentes do núcleo da JL-Amadora dirigidos, entre outros, por Luís Carlos Repolho o qual, meses mais tarde, viria a fundar a Torcida Verde. A Força Verde perdurou ainda até perto do final da década de 80.
Durante uma década as faixas da Força Verde foram exibidas um pouco por todo o País e à Força Verde se deve o aparecimento das primeiras claques organizadas em Portugal. No FC.Porto, no Sporting de Braga, na Académica, no Desp. Aves e em muitos outros clubes de norte a sul do País nasceriam inúmeras claques com a designação de Força.
No primeiro Congresso Nacional de Claques, realizado em 1985, em Coimbra, compareceram dezenas de organizações congéneres que, inspiradas na iniciativa da Força Verde, se disseminaram pelo País.
E se é certo que a Força Verde se extinguiu, não é menos verdade que a história pode e deve perpetuar a sua existência. O espírito de iniciativa e originalidade dos seus mentores deve ser lembrado, a cor e alegria que contagiou multidões de jovens deve ser perpetuado e a postura de paz, convívio e fair-play merece ser repetida.
Na certeza de que fizemos história, dedico a todos os que contribuíram para a Força Verde e através desta para o engrandecimento do Sporting e do Desporto em Portugal estes modestos elementos.
Autor: Paulo Alcobia Neves

7.6.07

Paulinho Cascavel

A alcunha de Cascavel veio do facto de ser um jogador rápido e perigoso na grande área onde se afirmou como o terror dos guarda redes. Curiosamente, ou não, havia de jogar no Cascavel Sport Clube. Paulinho Cascavel goleador já com créditos firmados no futebol português ruma ao Sporting Clube de Portugal no início da temporada de 1987/88 aproveitando o lugar deixado pelo eterno-capitão Manuel Fernandes. Logo na sua primeira época revalida o título de melhor marcador do campeonato nacional, conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira frente ao Benfica, efectuando um total de 45 jogos e apontando 31 golos, sendo igualmente o melhor marcador da edição da Taça das Taças (6 golos) – onde o Sporting nessa época chegou até aos quartos-de-final sendo eliminado pelo Atalanta.
Na época seguinte a sua produtividade baixa drasticamente marcando 15 golos em 39 jogos, começando uma tempestiva relação com o presidente sportinguista, José Sousa Cintra que decide então contratar Fernando Gomes o mítico goleador do FC Porto, que iria na época 90/01 em 50 jogos facturar cerca de 30 golos, fazendo com que Cascavel fosse dispensado para o Gil Vicente. Todavia, a sua imagem de goleador extraordinário, jogador de fino recorte técnico, com a intuição bem estimulada para tudo o que se passava na zona restrita da grande área, permanece até aos dias de hoje. Paulinho Cascavel possuía técnica para participar no bordado da construção mas era na zona do último toque que se sentia mais seguro.