Força Verde

Já por esta altura existia um grupo de adeptos incondicionais que se colocavam habitualmente no topo da Superior Sul um tanto deslocados para o lado da lateral e que se destacavam por um apoio mais efusivo com cânticos e bandeiras.
Entre os membros mais activos deste grupo contavam-se alguns alunos do Colégio São João de Brito de entre os quais o filho mais velho do então presidente do clube, Sr. João Rocha e, uns anos mais novo, o autor destas linhas.

Apesar de nesta altura ainda não se utilizarem faixas identificativas, a Juventude Leonina destacava-se através da promoção de deslocações, da introdução da primeira bandeira (pano) gigante num Estádio e de outras iniciativas.
A JL foi assim a organização embrionária do movimento das claques em Portugal.
Paralelamente, em 1979, um reduzido grupo de jovens na casa dos 12-15 anos membros da supracitada Juventude Leonina, começou a acompanhar o Sporting em diversas modalidades.
Em data difícil de precisar este grupo abandonou um jogo de futebol em Alvalade para apoiar a equipa de Basquet do Sporting que jogava com o Queluz o apuramento para uma fase final. Na viagem, o autor destas linhas e o Filipe Frazão apresentaram às cerca de duas dezenas de jovens presentes um projecto de claque organizada. Nascia a pioneira das claques organizadas em Portugal: A Força Verde.

Apesar de ter sido o primeiro presidente desta claque, urge referir que o mentor e padrinho deste movimento foi o Filipe Franco Frazão, acabado de regressar do Brasil de onde trouxe ideias pioneiras como as bandeiras gigantes com canas da Indía, os efeitos de fumo (inicialmente usávamos pó-de-talco, farinha etc...).
A este grupo pertenceram ainda o Mário Vaz Serra de Moura e os seus irmãos, o Orlando Pinto, o Manuel Luís Alçada Baptista, o António Filipe, o Jorge Dantas, o Júlio César, o José Luís Carballo, o Lucas, o Jorge Marques, os irmãos Navarro, o Jorge Simas e a Rita Vilas-Boas.

Em poucos meses chegámos aos duzentos contactos porém, a dimensão do movimento contrastava com a falta de reconhecimento por parte da direcção do clube. Foi decidido então procurar um líder mais velho, com experiência a nível associativo.

Por essa altura, João Pulido Freire de Andrade, frequentador assíduo da Superior Sul e líder nacional da J.C., foi por nós convidado para encabeçar a claque, e se já então tínhamos introduzido o pó de talco e os tambores (sugestões de Filipe Frazão), a João Pulido se devem o aparecimento da primeira faixa colocada por uma claque num estádio Português, concretamente no jogo com a Real Sociedad em Alvalade, a elaboração do primeiro ficheiro de associados e a emissão dos respectivos cartões de sócio.

Não é exagero afirmar que estas duas claques foram factor decisivo na escolha do Sporting como clube de eleição por parte de milhares de jovens na década de 80, período em que os resultados do futebol foram particularmente trágicos para o clube de Alvalade.
Com o tempo, a Juventude Leonina, beneficiária de um estatuto privilegiado no seio do Sporting e com a capacidade e criatividade de um grupo de jovens superiormente liderados por João Rocha (filho) acabou por absorver dezenas de jovens das fileiras da Força Verde e muitos dos seus líderes originais. João Pulido, Filipe Frazão e Mário Moura foram as baixas mais relevantes.



À Força Verde aderiram entretanto algumas dezenas de dissidentes do núcleo da JL-Amadora dirigidos, entre outros, por Luís Carlos Repolho o qual, meses mais tarde, viria a fundar a Torcida Verde. A Força Verde perdurou ainda até perto do final da década de 80.
Durante uma década as faixas da Força Verde foram exibidas um pouco por todo o País e à Força Verde se deve o aparecimento das primeiras claques organizadas em Portugal. No FC.Porto, no Sporting de Braga, na Académica, no Desp. Aves e em muitos outros clubes de norte a sul do País nasceriam inúmeras claques com a designação de Força.

E se é certo que a Força Verde se extinguiu, não é menos verdade que a história pode e deve perpetuar a sua existência. O espírito de iniciativa e originalidade dos seus mentores deve ser lembrado, a cor e alegria que contagiou multidões de jovens deve ser perpetuado e a postura de paz, convívio e fair-play merece ser repetida.

